quarta-feira, outubro 17, 2007

A História do Capitão Silva

Luis da Silva era um daqueles Pernambucanos arretados que vieram pra São Paulo ganhar a vida. Por uma dessas viradas do destino ele acabou indo morar no Rio de Janeiro.

Como todo pobre que chega ao Rio, ele teve que ir morar em uma favela, no caso na favela da Rocinha, a maior do Brasil.

Logo de cara ele aprendeu que quem mandava na favela era o tráfico, pra ele não tinha problema, contanto que não tivesse que se envolver. A vida seguia tranquila entre um tiroteio e outro, entre uma invasão ou outra da polícia.

Ele já estava adaptado à guerra, até que um dia...

...Até que um dia os traficantes foram expulsos da favela pela milícia armada. Formada por policiais e ex-policiais. Tudo bem, pensou ele, assim é melhor, pelo menos são pessoas de bem.

Mal sabia ele que era apenas uma mudança de governo. Antes os traficantes mandavam e cobravam por isso, agora o milícia "protegia" e cobrava por isso, até aí nada demais, se não fosse por uma nova "contriubuição" cobrada pela milícia: a CPMF (Contribuição Provisória de Movimentação na Favela), houve quem chiasse, o próprio Luis tentou protestar, mas quem era doido de bater de frente com a milícia? A contragosto Luis da Silva, nosso retirante pernambucano teve que engolir mais esse imposto. Mesmo porque seria temporário, só enquanto a milícia se organizava.

Os anos se passaram, Luís da Silva resolveu ser policial, afinal agora não tinha mais tanto perigo, afinal a milícia era formada por policiais. Ele entrou na corporação e logo foi apresentado aos comandantes milicianos, mesmo sendo apenas um cabo, como o Capitão Silva, que viram naquele jovem rapaz uma ameaça...

E ele em pouco tempo se tornou uma voz dissonante na favela. Ele reclamava, dizia que do jeito que estava não poderia ficar, que o povo estava sendo oprimido e que a tal CPMF que era pra ser provisória ficou permanente.

Os camandantes da milícia fizeram uma reunião e cogitaram dar cabo no nosso herói, mas alguém sugeriu: O cabra é bom, porque não tentamos trazer ele pro nosso lado?

Ok, concordaram todos. E designaram o Alencar, dono da padaria e principal representante dos milicianos na favela para convencer O Capitão Silva a se juntar à milícia, mas ele não aceitou ser mais um, só queria se fosse pra ser o chefe.

Embora com muita resistência a ascenção do Capitão Silva ao comando foi fulminante (literalmente, ele eliminou todos os opositores) e ele se tornou o comandante da milícia da favela.
Hoje, quando algum dos antigos companheiros pergunta quando vai acabar a CPMF ele responde: Veja bem companheiro, sem a CPMF o Brasil pára!

Qualquer coincidência com fatos e pessoas reais é mera semelhança!