segunda-feira, abril 21, 2008

O lado obscuro da força

Antes que me acusem de preconceito ou alguma coisa do tipo não tenho nada contra negros, afinal meu pai, hoje em dia, é negro. Digo hoje em dia porque antigamente se você chamasse alguma pessoa que não fosse totalmente preto, daqueles raros, mesmo aqui no Piauí o cabra se ofendia na hora e respondia na bucha: "Negro não! Eu sou é moreno, você me respeite!"

Hoje se você chamar uns cabras quase brancos de morenos eles já respondem "Que preconceito é esse ô rapá, eu sou é preto!". Ainda não sei se é consciência negra ou se estão pensando nas cotas.

A propósito de cota... Minha irmã é morena, digo, negra e eu sou branquelo daqueles que viram camarão no sol, eu sempre tive problema com a minha cor, sempre quis ser moreno, digo, preto, como ela porque aqui no Piauí quem tinha apelido era eu: vela branca, macaxeira descascada, assombração (esse eu tinha dúvida se era por ser feio demais ou branco, vai ver eram os dois).

Mas falando das cotas... O que aconteceria se eu e ela (que tivemos as mesmas oportunidades e dificuldades) tivéssemos disputado a mesma vaga em algumas faculdades públicas desse país?

Mesmo que eu fizesse mais pontos (e, me desculpe, mamninha, eu iria fazer, com certeza) ela teria muito mais chances de passar.

A pergunta é: onde se fez justiça nesse caso?
A resposta é: estamos copiando um modelo americano de paridade em um país em que a desigualdade não é de pele, mas social!
Um país que nunca teve assentos separados nos ônibus
Um país onde nunca teve bebedouros separados
Um país onde nunca teve bairros separados só para negros.

Agora querem nos separar nas faculdades.
Deixa eu lembrar de um detalhe importantíssimo que poucos se lembram: Nos EUA não existe vestibular, a maioria dos alunos é escolhida pelo currículo.
As faculdades que são obrigadas a cumprir cotas são particulares, afinal, lá, como aqui ninguém gosta de escola pública, não vai demorar muito, pelo jeito que as coisas vão e a aqui essa preferência vai chegar às universidades.

Eu gostaria, sim, que todos os negros, pobres e favelados tivessem uma chance, mas não de entrar na faculdade e sim de fazer parte da sociedade.

Procure um vendedor negro no shopping, um garçom negro ou qualquer emprego que estampe no seu anúncio "Boa aparência".

Ou seja, há preconceito nesse país. Isso é um fato! Mas não vejo onde está o preconceito em uma prova de vestibular normal. Preconceito esse que há sim quando mudamos as regras por um item que não tem influência nenhuma no resultado: a cor da pele.

A propósito: o título faz referência à frase de star wars que antes dessa cruzada do politicamente correto era o lado negro da força (algo como magia negra) virou o lado obscuro da força. Podia ser pior, podia ser o lado afro-descendente da força!