domingo, março 13, 2011

Preto, pobre, favelado e gay

Em uma das poucas vezes em que liguei a TV durante o carnaval eu vi uma notícia interessante.
Um "cantor" de um dos blocos de carnaval de Salvador estava irritado porque foi chamado de preto, pobre, favelado e gay e, por conta disso fez um desabafo durante o show.

Só não entendi a irritação porque a meu ver ele não foi xingado. Para alguns teria sido até elogiado. Vamos avaliar a frase como um bom analisador sintático, palavra, por palavra.

Preto
Realmente, há um bom tempo, chamar alguém de preto deixou de ser considerado uma ofensa. Aliás, hoje ser preto é um orgulho, hoje até quem não é quer ser. Vamos substituir pela variante menos "ofensiva": negro. Sim pois pra quem não se lembra era admissível se chamar alguém de negro, preto, não. Preto era ofensa grave. Me lembro da minha irmã, uma morena da cor do meu pai. Se fosse chamada de negra se zangava. Ela era morena. E quantos outros morenos não se ofendiam se fossem chamados de negros? Então, pra mim, racista é quem se ofende ao ser chamado de preto.

Pobre
Ser pobre não é bom. Sei disso porque sou pobre. Já fui bem mais pobre. Não sei se é bom ser rico pois nunca fui. Não sei o nome do cantor portanto não sei se é pobre mesmo. Rico não é porque rico mesmo está no camarote e não trabalhando em pleno carnaval. Mas mesmo sendo ruim não é um xingamento, é apenas uma condição social que pode ser mudada. Pensando bem quem quiser pode deixar de ser preto também. Michael Jackson que o diga. Eu queria era ser negro.

Favelado
Vamos lá. Favelado mora em favela. Não concordo com o cara que escreveu a música dizendo que queria ser feliz na favela onde nasceu. Ainda se fosse no sítio, na fazenda ou na colônia de pescadores onde nasceu... Tá OK tem o Adriano que gosta mesmo, mas esse não conta. Mas voltando ao assunto, favelado também não é xingamento!

Gay
Esse é o mais fácil. se o cara é não tem porque se zangar. Se não é ele sabe que não é e pronto. Por falar nisso não foi justamente o grupo gay da Bahia que queria processar o Vitor Fasano porque ele disse que se sentiria ofendido se fosse chamado de gay?

O resumo deste post? O preconceito está mais na cabeça de cada um. Pelo menos no Brasil que não teve nenhuma política discriminatória até a chegada das famigeradas cotas raciais, mas isso é assunto pra outro post.